sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Há 162 anos...

Edgar Allan Poe
"Assim como na ética o mal é uma consequência do bem, igualmente, na realidade, da alegria nasce a tristeza."


O mistério em Poe povoou tanto sua vida quanto sua obra. Seus contos sempre são encenados numa atmosfera fantástica. O suspense deixa de ser o fio condutor da narrativa e se torna o pano de fundo: o passeio do gato preto, o titubear do pêndulo, a expectativa de descobrir o que há no caixão quadrangular. Tudo nele está repleto da aura surpreendente que detém nossa atenção até a última letra. Quando nos é revelado o segredo que perdurou em silêncio, mas perturbante através das páginas, a máscara da morte cai, o suspense se dissipa. Ficamos nus diante do peso de sua fabulação e marcados pela sombra e lucidez. Porém, o próprio autor teve um fim trágico e, como em sua literatura, e assombroso. Pouco se sabe como se deu a doença, mas Edgar Allan Poe foi encontrado ao delírio em Baltimore. Logo em seguida, sem que fosse possível diagnosticá-lo, faleceu em 7 de outubro de 1849.
Tanto na prosa como na poesia, Allan Poe deixou um legado notável para o fantástico do século XIX. Encantou, sobretudo, o poeta Charles Baudelaire, que traduziu com afinco suas obras para o francês. O homem da multidão formou o flâneur das ruas parisienses, numa ótica desprendida do mistério, mas sempre com rigor estético. Como uma carta roubada, Baudelaire soube aproveitar cada detalhe do extraordinário em Poe.
Falar neste autor americano, 162 anos após sua morte misteriosa, é refletir sobre o mágico que há no incômodo, na morte, na alucinação, na esperança que habitam seus textos. Afinal, se a literatura é feita da matéria que nos compõe, o que havia de real e de imaginário em sua obra?

Dica de leitura: Histórias Extraordinárias, Companhia de Bolso, tradução de José Paulo Paes.